Água sempre foi um tema polêmico em Artur Nogueira, mesmo quando seus prefeitos investiam grande parte da arrecadação municipal na ampliação e manutenção de seu sistema.
Todo o complexo aquífero, hoje existente no município, teve início com Severino Tagliari, o qual, em sua segunda administração (1957-1961), deu início ao represamento e à construção de uma central de captação no Córrego Cotrins, onde a água era filtrada, clorada e transportada por dutos até a caixa d’água central, com capacidade para 150 mil litros.
Inaugurado em 1º de maio de 1959, o conjunto, composto por reservatório e estação de captação e tratamento de água, deveria atender à demanda da cidade por vinte e cinco anos. Pode-se dizer que o conseguiu.
Depois dessa obra, Rubens da Silva Barros (1977-1982) foi o prefeito a quem coube dar continuidade ao trabalho de Severino, no setor.
Em 1980, inaugurou a segunda Estação de Tratamento de Água da cidade (foi desativada a do Cotrins) e deixando o município com 100% de rede de água e 90% com rede de esgoto. O reservatório construído por ele foi de 1,2 milhão de litros e é o que ainda ajuda a manter a rede em funcionamento até hoje.
Depois de Rubinho veio Cláudio Alves de Menezes (1983-1988), alguém que deu continuidade a esse trabalho e valorizou muito a sua administração pelo que conseguiu fazer pela água de Artur Nogueira. Construiu a segunda etapa da Estação de Tratamento (ETA II) e dobrou a oferta de água tratada do município.
Mesmo assim, seu problema já era um pouco maior do que a estrutura construída ao seu redor e Ederaldo Rossetti (1989-1992), prefeito que substituiu Cláudio Alves na administração municipal, construiu a represa do Córrego do Sítio Novo, denominada “Represa da Fartura”, hoje a maior fonte de captação de água bruta do município. Voltou Cláudio Alves em 93 ao Executivo e fez novos investimentos no setor da água, inaugurando em seu último ano de mandato, 1996, a terceira Estação de Tratamento de Água de Artur Nogueira.
E o que aconteceu, apesar de tudo isso, de todo esse investimento?
O sistema, ainda assim, parece não ter sido suficiente para atender à demanda de água de uma cidade que, nas décadas passadas, havia apresentado um dos maiores índices de crescimento do país e, em 96, Nelson Stein se elege prefeito tendo como um dos principais motes de campanha, exatamente a água. Todo seu trabalho foi, exclusivamente, manter em atividade o sistema que encontrou em operação. Segundo ele, o departamento de água de Artur Nogueira, exigia investimentos que os cofres públicos não suportariam e nada podia ser feito contra isso.
“A concessão dos serviços de coleta, tratamento e distribuição de água da cidade, para uma empresa terceirizada do ramo, parece ser o caminho mais viável para a solução definitiva dos problemas do setor, acreditava o prefeito, o qual, desde 99, contava com o aval do Legislativo para, quando quisesse, tentar terceirizar o serviço de tratamento e distribuição de água e esgoto de Artur Nogueira. Stein afirmou que todo o sistema de água estava comprometido, particularmente a rede central de distribuição e a capacidade dos reservatórios existentes, que já não atendiam à demanda.
Para sustentar as suas afirmações, Stein contava com um estudo que, há seis meses, vinha sendo feito no município pela BBN Planejamento e Assessoria Ltda, empresa da cidade de São José do Rio Pardo, especializada em estudos de recursos hídricos e hidráulicos urbanos.
Segundo o seu diretor, engenheiro José Geraldo Celentano, haviam sido vetorizadas todas as plantas do sistema de água e esgoto da cidade e seus técnicos realizaram um trabalho de campo minucioso, cabendo ao prefeito, embasado nesse estudo, tomar a iniciativa quanto ao departamento.
Resumidamente, a água sempre foi um problema para qualquer administração nogueirense, que tinha uma população acostumada a gastá-la à vontade e não pagar pelo seu consumo.
Em 2001, Luiz de Fáveri assumiu a prefeitura, substituindo Nelson Stein, de quem era vice, e utilizou-se da liberação do Legislativo para terceirizar o setor. Luiz cedeu à Novacon, empresa que se dizia especializada no ramo, a concessão dos serviços de água e esgoto municipais. Bastaram pouco mais de dez meses para a Administração Fáveri descobrir que estava sendo lesada pela empresa, a qual deixou muito mais problemas, além de um grande rombo na parte financeira.
Luiz de Fáveri resolveu, então, assumir as responsabilidades do setor e criou, com a aprovação da Câmara, uma autarquia para gerir todo o trabalho de readequação e reestruturação do sistema de água e esgoto de Artur Nogueira.
Essa autarquia denominou-se Saean - Serviço de Água e Esgoto de Artur Nogueira -, e a partir daí, o sistema passou a ser tratado com muita seriedade e competência, e hoje a cidade recebe um serviço de qualidade.
Fonte: livro “Saean - uma ideia vitoriosa” - Realidade do Sistema de Tratamento de Água e Esgoto de Artur Nogueira de Sérgio Augusto Fromberg.